Wednesday, January 31, 2007

Resposta à resposta

http://abibliotecadejacinto.blogspot.com/2007/01/as-razes-da-escolha-xxii.html

Em primeiro lugar, o link vai assim porque ainda não me entendi com este novo blogger...em qualquer caso não posso deixar de responder à Maria Clara Assunção:

1. É mais que óbvio. Uma coisa são problemas psíquicos em sede de serviço de saúde, outra coisa é a relevância da situação em sede de Direito Penal.

2. Desigualdade social é a falta de meios económicos para ter acesso a determinadas necessidades básicas. Não ter filhos. É tão desigualdade social não ter dinheiro para ter filhos como não ter dinheiro para comprar um Mercedes, passe a frieza da comparação.

E quando me referi à personalidade jurídica foi por causa de ter dito que a questão não envolvia terceiros. Ache-se o que se achar relativamente ao feto, não é um terceiro em termos jurídicos.

3. É evidente que podem ser responsabilizados, ainda que seja única e exclusivamente uma responsabilidade dos próprios perante eles próprios. Não é por serem mais novos que deixam de pensar e de decidir, para mais TODA a gente sabe os efeitos da droga e os sérios riscos de algumas delas quanto à dependência.

É evidente que não alinho no discurso das mulheres serem umas desgraçadinhas. Mas não devem ser punidas por abortarem, e devem poder fazê-lo nas devidas condições de saúde e higiene.

4. Precisamente por o Direito Penal não ser dissociável do contexto social e ético de cada sociedade é que há que votar SIM no referendo. Praticamente ninguém defende que quem aborta deve ser punido. E tudo o resto é totalmente secundário, para não dizer irrelevante, face a isso.

5. A questão não é a do estado de necessidade desculpante. A questão é que essa solução continua a impedir a prática do aborto em verdadeiros estabelecimentos de saúde, continuando a levar ao aborto de vão de escada...

6. É que não são mesmo equivalentes. Com um voto SIM, muitas soluções serão possíveis no futuro. Por exemplo, um governo CDS poderá tornar a prática do aborto numa contra-ordenação. O que está em causa, portanto, no referendo, é a despenalização.

7. Haja bom senso...

8. O que é um facto é que a grande maioria dos apoiantes do não são o núcleo mais fundamentalista da igreja católica.

9. Certamente.

10. Nem poderia ser de outra forma.

11. Eu diria excesso de atenção ao debate e reparar claramente no que está por trás das coisas e na fraqueza de argumentos.

12. Se invalida ou não, é irrelevante no caso concreto.

7 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Vou-lhe propor um cenário meu caro amigo.

Hoje à noite, vai tomar um café com os seus amigos. Existe um acidente num cruzamento, e um dos carros, com o choque, parte disparado para cima de si.

Suponhamos que (e assim espero que nunca aconteça) o meu amigo fica tetraplégico.

Nestas condições, às quais todos estamos sujeitos, ficamos uns inúteis para a sociedade, uns dependentes, impecilhos do Governo e dos que, a partir desse momento, tratarão de nós.
Mas tratarão porquê, a propósito? Porque são pagos, pergunto? E lidarão bem consigo, tratá-lo-ão com respeito, de igual para igual, porque tiraram um curso de formação? Acha que chega?

Meu caro amigo, a resposta é, naturalmente, não, se continuarmos a fomentar uma cultura de interesse e utilidade: O que é inútil, mata-se.

Imagine-se com vontade de viver, e os seus pais a combinarem entre si como o irão matar.

Eu conheço pessoas que o acolheriam de forma igual. E são precisamente as pessoas que o meu amigo desdenha neste momento.

Faço votos sinceros de que tal nunca aconteça a si ou a qualquer um de nós.

Um abraço,
David Sanguinetti

2:39 AM  
Anonymous Anonymous said...

www.abort73.com/HTML/I-case.html

Aqui acaba a apatia da ignorância e começa a responsabilidade.

"Chegámos a um ponto tal que até o óbvio precisa ser explicado" Orson Welles

5:44 AM  
Blogger Unknown said...

Sr. David,

Podemos, seguidamente, discutir a eutanásia. Olhe, eu já tenho Blogue. Chama-se Blogue do Sim.

10:04 AM  
Blogger Butch Cassidy said...

Tanta arrogância devia sim, ser penalizada.

10:51 AM  
Anonymous Anonymous said...

Olá,

De facto, para quem desconsidera tanto a vida, não se pode esperar muito.

Hoje tive o privilégio de conversar com uma amiga que trabalha com deficientes. Percebe-se que muitos deles são mais felizes que muitas pessoas devidamente habilitadas com todas as capacidades motoras.

Todas as vidas são bem-vindas. O importante é estar preparado para as acolher, e dar-lhes um significado.

Neste referendo optarei pelo mal menor.


Cumprimentos,
David Sanguinetti

12:44 PM  
Blogger Unknown said...

Defina lá "mal menor", por favor...

10:48 AM  
Anonymous Anonymous said...

Vou votar não! Estou farta de argumentos, estou farta de demagogias, estou farta que me tentem manipular com conceitos técnico-jurídicos ou médico-científicos... Estou farta porque sinto que dos dois lados todos têm um fim a atingir e não se importam de mentir, manipular e enganar o povo só para atingir o SEU fim. Voto não simplesmente porque quem ama opta pela vida. Seria a pessoa mais infeliz do mundo se, uma vez grávida, a única coisa que o meu namorado, marido, pai, irmão (...) me tivesse para oferecer fosse o aborto. O aborto é a forma mais fácil e rápida de resolver o problema... Não concordo com ela porque simplesmente ela é a pior de todas... ela não é boa para ninguém, provoca danos em todos, desresponsabiliza os homens, despreza as mulheres e desconhece brutalmente as suas necessidades e anseios. Voto não porque sou mulher e porque me entristece que a sociedade não se esforce minimamente para me ajudar, a mim e a todas as mulheres heroínas que são dia a dia discriminadas e pressionadas para não serem mães sob pena de nunca mais serem empregadas. Votarei não porque tenho medo... muito medo de que as entidades patronais não se bastem em perguntar nas entrevistas de emprego se a mulher está a pensar casar ou engravidar, ou a despedi-las quando tal sucede, e vão mais longe: empurrem as mulheres para o aborto. Não aceito que dourem a pílula do aborto legal: ele é tão mau como o clandestino que actualmente é na maior parte das vezes químico. E sabem... eu estou tão farta que podia estar-me a lixar para isto tudo: eu não fui abortada e os meus filhos não serão concerteza! Mas não é esta a sociedade em que acredito e entendo que só há liberdade de escolha quando escolhemos de entre várias opções. Com a descriminalização do aborto o Estado, os maridos, os namorados ou parceiros ocasionais apenas lavarão as suas mãos e empurrarão, e aí sim, as mulheres para o aborto.

12:46 PM  

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