Monday, January 15, 2007

O QUE ESTÁ EM CAUSA.

“Cerca de 350 mil portuguesas entre os 18 e os 49 anos fizeram pelo menos um aborto ilegal. E, dessas interrupções voluntárias de gravidez, quase três quartos aconteceram até às dez semanas de gravidez (IVG), o que significa que a alteração da legislação que vai ser sujeita a referendo no dia 11 de Fevereiro conferiria um carácter de legalidade a mais de 260 mil delas. Somadas às IVG feitas até às 12 semanas – prazo pedido para a despenalização em diversas propostas de lei – representam quase 90% dos abortamentos clandestinos”

http://jn.sapo.pt/2006/12/13/primeiro_plano/17_abortos_ano.html

Os dados constam do primeiro estudo efectuado em Portugal para retratar a realidade do aborto, encomendado pela Associação para o Planeamento da Família (APF). Estes números não deixam margem para dúvidas, a IVG mais do que uma questão de consciência, é uma realidade. Não é por tornar-se legal que vai se alterar o panorama, deve, antes mais, actuar-se a montante no planeamento familiar, na informação sobre os meios contraceptivos, etc. Eu sou favorável à despenalização, que mais não é que o ajuste da lei à pratica (à realidade), mas não sou, nem nunca serei favorável à IVG como “método contraceptivo” e defendo que tudo deve ser feito para que a mulher não tenha necessidade de recorrer à IVG e parece-me, aliás, que com a despenalização e com a possibilidade de recorrer a hospitais da rede de nacional saúde e a mecanismos de acompanhamento psicológico, pode ser possível evitar algumas destas situações extremas. O QUE ESTÁ EM CAUSA É A EVOLUÇÃO DA ACTUAL LEI, E NÃO A DEFESA DO ABORTO, COMO ALGUNS QUEREM FAZER CRER.

12 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Caro Nuno... ainda que compreenda o seu raciciocinio, temo que nem toda a gente pense da mesma fora, ou pelo menos, acurto prazo ninguem o fará.
Pergunto-lhe, certamente o senhor ou a sua namorada/mulher não o fariam mas pense nas pessoas que recorrem ao aborto clandestino. que valores?que necessidade têm de o fazer? Condições extremas de pobreza... acredito que sim, mas tal como disse, para mim a soluçao passa mesmo por investir em formação, em planeamento familiar sério e efectivo, em educação, em dar soluções (e tantas que há e não se dá o devido valor)e não fazer crer que o aborto é a unica solução para uma gravidez não planeada.
Dou-lhe só um exemplo...em Yokohama, 70% das mulheres abortam revelando desconforto com as nauseas e vómitos do primeiro trimestre. A Lei do aborto começou por ser como a que dia 11 vai a votos em Portugal.
Ninguém é a favor do aborto, mas ao permitir que ele seja legal está a pactuar com as mulheres que o fazem indiscriminadamente.
Cumprimentos

11:59 AM  
Anonymous Anonymous said...

corrijo, a longo prazo, ninguem o fará.

11:59 AM  
Anonymous Anonymous said...

É a primeira vez que venho postar a um Blog. Faço-o por imperativo de consciência.
Entendo que Votar SIM, é não obrigar ninguém, enquanto que o NÃO obriga. Depois, entendo que por ser pela VIDA, é ser a favor das crianças que morrem à fome, dos bébés que por não serem queridos, são abandonados nos caixotes do lixo.
Votar SIM é votar contra a Hipocrisia e contra a Humilhação das Mulheres.
É também um voto a favor dos mais desfavorecidos, porque hoje a IVG já é feita em segurança em muitas cidades fronteiriças, em Espanha. Claro está que só a classe média alta e os ricos é que têm dinheiro para ir lá fora.

Um grande abraço.

Luís Vilar

7:45 PM  
Blogger Nuno Moita said...

Caro anónimo

As mulheres que praticam a IVG por desejo, no sentido de ser o método contraceptivo extremo, vão continuar a pratica-la independentemente da alteração da lei.

Mas aquelas mulheres que o fazem por falta de condições económicas para criar mais um filho, que surge muitas vezes por falta de uma adequado planeamento familiar (embora já se tenha evoluído muito desde 1998 em termos de informação relativamente ao planeamento familiar teve esse mérito o anterior referendo) ou aquelas mulheres mais jovens não casadas que engravidam por descuido e tem medo do “estigma” social que essa situação, infelizmente, ainda acarreta, (numa sociedade ainda fechada e muito ligada à igreja) e que recorrem à IVG, podem ser com esta nova lei acompanhadas e integradas de outra forma podendo deixar de querer recorrer à IVG. Este para mim é um aspecto essencial da nova lei, para além disso e como comprova a experiência noutros países, como por exemplo na Holanda, verificou-se uma diminuição do número de IVG, com a despenalização até as 10 semanas (nalguns países até às 12 semanas).

Caro Luis, sejas bem-vindo ao “mundo” dos Blogs.

3:22 AM  
Anonymous Anonymous said...

É claro que é isto que está em causa. para não ter que escrever muito, convido à leitura do post IVG no blog "vermelho vivo"
cumprimentos.

9:14 AM  
Anonymous Anonymous said...

Ajudem a divulgar

"Caminhada Pelo SIM"
Domingo, 21 de Janeiro às 10h30
na marginal de Matosinhos.

1:53 PM  
Anonymous Anonymous said...

Com esta argumentacao podiamos legalizar todo e qualquer crime. So por que e "a realidade". Roubo, Rapto, Violacao, Assassinato, Genocidio, etc. Tudo isto e, infelizmente, "realidade"...A questao e como tornar estas "realidades" raras. No caso do aborto eu ate tenho alguma simpatia pelo "Legal, Safe, Rare", mas no contexto Portugues acho que a liberalizacao vai levar a um grande aumento do numero de abortos...por isso vai ter de ser NAO.

8:53 PM  
Anonymous Anonymous said...

CARTA PARA OS SENHORES DAS LEIS UNIVERSAIS


E a culpada foi a tal Eva que procedendo livre, mordeu o fruto proibido. Da culpa de Eva, decidiu o Senhor castigar todos seres femininos do Mundo, para os tempos passados, presentes e futuros.
Foi tão grande a Tua culpa, Eva, que a penitência tem que ser paga por todas as mulheres que te vão seguir, terão sido estas as palavras do Senhor, antes de entregar os destinos do Mundo ao Adão.
Correram os tempos, milénios fora, com esse tão grande castigo. Até aquele dia, na Judeia em que o homem de Nazaré, filho do carpinteiro, viu um grupo de homens apedrejando Maria Madalena, a adúltera. Não me recordo se tal dia foi antes ou depois daquele outro em que expulsou os vendilhões do Templo.
Pois estando os homens perfilados para castigar Maria Madalena, obedecendo aos princípios, que o Senhor lhes ensinara, o dito homem, chamado Jesus, terá gritado:
“Aquele que nunca pecou que atire a primeira pedra!”
E os homens recolheram as suas pedras e seguiram o seu caminho. Até ao dia em que condenaram, talvez por vingança, o dito nazareno en quanto Pilatos lavava as suas mãos.




( Tantos séculos passaram.Reza-se nestes dias no Terreiro do Paço pela Vida. Ali onde a Santa Madre Igreja condenou e matou tantos no Tribunal do Santo Ofício)

Querem manter o divino castigo. Eles bem sabem que os desmanches se fazem no vão da escada, ou com o medicamento que a amiga disse para comprar no mercado negro. Ou então que se gasta uma pequena fortuna, pede-se dinheiro ao banco, a um familiar. Eles sabem que as mulheres deste povo fazem tudo isto. E sabem que tudo isto, faz parte do milenar castigo divino. Eles sabem que esta clandestinidade é a Pedra que se atira à mulher que peca. Eles não ouvem a voz do Cristo homem, mas a mensagem de castigo dos Impolutos Senhores da Moral. Os Senhores dos Templos a quem interessa o Castigo. Porque sabem que quem mais sofre são as mulheres que vivem do seu trabalho, contam os parcos rendimentos do trabalho explorado. Eles sabem que quem paga são as mulheres para quem Badajoz, Barcelona e Londres são destinos impossíveis. Eles sabem que quem paga são as mulheres que assinam contratos de trabalho em branco em que se "despedem" caso engravidem. Eles sabem que são elas as vítimas maiores da exploração deste sistema. São elas que continuam a ser "apedrejadas" todos os dias... Eles sabem o que elas têm lutado pela sua emancipação, séculos de luta, eles os doutores das leis universais sabem disso. Esses homens já as julgaram de tudo: Heresia, bruxaria. Mas o Mundo avançou e a luta das filhas da Eva avançou. Porque lado a lado, Homens e Mulheres lutaram por um Mundo Justo! Porque estes senhores das Leis Universais estão ao lado dos poderosos, como sempre estiveram. Porque recusam a libertação dos povos, antes preferem a sua subjugação. Para Seu Bem e para Bem dos Senhores do Mundo. É sabido que as Leis destes doutores Universais, Bispos e Cardeais e outros que tais, servem para manter a escravidão dos povos, perante a Lei dos Deuses e as Leis dos Césares. E é sabido que as vitórias da emancipação das mulheres são vitórias da Humanidade Toda.


O fim desta clandestinidade nem se exige por compaixão. Nem por uma guerra de religiões. Falamos de Humanidade. Exige-se por Direito: à dignidade de viver, à dignidade de ter um vida digna, à dignidade de ter Opção, a dignidade de tratar do seu corpo em condições de mínimas de saúde. Não se exige o fim da clandestinidade por um especial direito, puro e simplista das mulheres: O fim desta clandestinidade e da despenalização – como as pedras atiradas a Maria Madalena na Praça Pública - serão um momento de felicidade para as Mulheres e para os Homens. Porque o Mundo não se constrói atirando pedras aos nossos Irmãos. Constrói-se com o Direito à Justiça livre das Leis da Culpa e Castigo.
Falamos de Emancipação, Respeito, Liberdade, Tolerância e Fraternidade?


Votar Sim? Sim, pois.

Jose Manuel Mota Pereira
Torres Novas 17 janeiro 2007
www.canhotices.blogspot.com

2:32 AM  
Anonymous Anonymous said...

o SIM está a perder o debate

http://anti-aborto.blogspot.com/

9:12 AM  
Anonymous Anonymous said...

sou daquelas que ainda está na dúvida. Uma pergunta, que vinha aqui por devido ao post mas que reforço devido a um destes comentários acima:
"mulheres mais jovens não casadas que engravidam por descuido e tem medo do “estigma” social que essa situação, infelizmente, ainda acarreta, (numa sociedade ainda fechada e muito ligada à igreja) e que recorrem à IVG, podem ser com esta nova lei acompanhadas e integradas de outra forma podendo deixar de querer recorrer à IVG."
Nestes casos as raparigas não terão esse 'estigma' por exemplo dos próprios pais?calculo que menores de 18 não terão dinheiro para as clinicas privadas; assim sendo ou recorrem aos pais para lhes pedir dinheiro, ou caso sejam estes os 'opressores' e as filhas queiram segredo principalmente destes...podem recorrer ao estado?ou só se tiverem autorização de um dos encarregados???

ou seja, para fazer em segredo terão à mesma que ir a uma IVG clandestina?...

3:15 PM  
Anonymous Anonymous said...

pois... talvez por isso na maioria dos paises onde a lei despenaliza o aborto, os ditos abortos clandestinos não diminuiram assim tanto.

3:21 PM  
Anonymous Anonymous said...

Luis Vilar,

Entendo que Votar SIM, é não obrigar ninguém, enquanto que o NÃO obriga.
Ou, segundo o ponto de vista de que num aborto não existe apenas a mulher mas também um nascituro:
entendo que votar NÃO é proteger esse nascituro de ser morto apenas porque sim e votar SIM é dizer que ele pode ser morto apenas porque sim.

Ou seja, segundo o seu ponto de vista, o nascituro/feto não existe ou não interessa e segundo o meu o nascituro/feto existe e interessa.

3:06 PM  

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